O mestre de jiu-jitsu Adilson Higa, de Campo Grande, voltou a competir dois anos após ter sofrido um acidente de carro e ter perdido um braço. O faixa preta desenvolveu uma técnica que permite competir de igual para igual com apenas um dos membros. Para ele, a grande dificuldade no início era fazer as pegadas.
- A necessidade me fez desenvolver algumas posições, como uma em que eu puxo o adversário para baixo para fazer ele andar. Quando ele anda, eu já entrou com a posição clássica de guarda De La Riva – explica o lutador.
O esforço deu certo. Higa conquistou várias medalhas e um troféu depois do acidente. Entre os prêmios, o suado terceiro lugar no Panamericano da modalidade, disputado em Brasília no ano passado.
- A gente só consegue fazer as coisas bem feitas quando se está feliz, e eu estou feliz com essa nova fase. O trabalho está sendo bem feito, bem direcionado e bem supervisionado – enfatiza o mestre.
Depois do acidente, o lutador ficou quase um mês em coma e teve o braço esquerdo amputado. Cinco meses depois, ele iniciou a adaptação da arte marcial, já que no jiu-jitsu não existe categoria para quem é portador de deficiência física.
A garra, perseverança e capacidade de superar a dificuldade física fizeram muitos alunos procurar o mestre Higa em busca de aprendizado. Um deles foi o atleta Eldemar Neto, que acha gratificante treinar com o faixa preta.
- É mais que um professor, é um exemplo de vida que a gente para pra pensar antes de reclamar de qualquer coisa, de qualquer dificuldade, de qualquer sufoco – disse o atleta.
As aulas agora são na casa de Higa. Poucos alunos por turma em busca da técnica e vontade de vencer. Robson Fabiano ressalta que o professor é um exemplo de persistência.
- Ele é um incentivo muito grande, não tem como fraquejar. O professor está aí, firme e forte, quando a gente diz eu não consigo, ele fala que tem que conseguir, não tem jeito – justifica o aprendiz.
O próximo desafio do mestre é o Campeonato Brasileiro, que acontece no Rio de Janeiro, neste fim de semana. Higa diz que não vai competir na obrigação, mas encara como um desafio pessoal dele.
- Provei tudo que tinha que provar. O mais importante é chegar lá e pisar no tatame. Essa vai ser minha vitória.
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